TRANSIÇÃO ENERGÉTICA EM AFRICA

The fourteenth conference in the cycle,

Africa Sessions 14

Terça-Feira 14 de Setembro 2021 (Hora de Lisboa).

Os desafios sobre a segurança energética e das alterações climáticas (acordo de Paris) têm levado a muitos países a adoptarem uma matriz (novos sistemas) de produção de energias mais limpas e amigas do ambiente – A designada Transição Energética (TE). A transição energética subiu para o topo da agenda nas salas de reuniões das maiores empresas de petróleo e gás do mundo. Com a electrificação e a energia renovável em ascensão, as “Big Oil” estão a esforçar-se para se adaptar a uma transformação que pode eventualmente tornar os seus negócios obsoletos se eles não se agarrarem às oportunidades que ela traz.

A transição energética que consiste na substituição de fontes primárias de energias fósseis, como o petróleo e o gás, por fontes de energia renováveis – como a solar, eólica e hidroeléctrica. A TE representa uma ameaça à produção de petróleo e gás no longo prazo, uma vez que a energia solar e a eólica estão a ganhar terreno a nível da oferta de energia, enquanto veículos eléctricos de menor custo e melhor tecnologia de baterias estão a impulsionar grandes mudanças no lado da procura global por petróleo.

O resultado pode ser uma venda maciça de activos, pois os maiores produtores de petróleo concentram a sua produção de petróleo e gás nos países onde estas matérias primas são mais baratas e fáceis de produzir.

Para percebermos a competitividade gerada pela transição energética basta observarmos que o custo de energia fotovoltaica (solar) e eólica (vento) diminuiu 82% e 40% respectivamente, em menos de 10 anos. Hoje, a energia fotovoltaica é já a forma mais barata de produção de energia, o que se reflecte na economia de mercado com muitos consumidores a sentirem-se atraídos pela óptima relação produção-preço.

Em face disto, a Agência Internacional para as Energias Renováveis (IRENA) estima que a procura mundial por energia fóssil, incluindo petróleo e gás, comece a diminuir já a partir de 2025, levando a que o mercado passe a consumir mais energias renováveis do que fósseis a partir de 2050.

A Transição energética levou as petrolíferas a reduzir os investimentos em combustíveis fosseis, ou seja, nos activos de petróleo e gás e a aumentarem os investimentos em energias menos poluentes. As multinacionais de petróleo e gás europeias já identificaram os activos da sua actual principal área de negócios, o petróleo, que pretendem vender a nível mundial. As majors pretendem manter na sua carteira de negócios apenas activos de petróleo, ou seja blocos, que estejam em países em que produzir crude é mais barato e mais rentável.

Este facto explica a eminente fusão de activos da BP e da ENI em Angola uma vez que em cima da mesa esteve a ser avaliada a possibilidade da primeira vender alguns activos de petróleo e de gás no mundo e alguns destes no país africano.

Alias as empresas estão a transformar-se de empresas de petróleo e gás para empresas de energia. Como resultado desta transformação, grandes produtores europeus como a Total já se transformaram em empresas de energia. Recentemente, a petrolífera francesa fez um rebranding passando a chamar-se Total Energies.

Sabemos que algumas iniciativas para TE têm sido realizadas no continente africano, mas a verdade é que verificamos que a grande parte dos países africanos (tais como, Angola, Nigéria, Gabão,etc…) estão ainda muito dependentes das receitas provenientes dos recursos energéticos fósseis e menos amigas do ambiente.

Adicionalmente, as descobertas de mais reservas destes recursos fósseis, efectuadas recentemente (“stranded assets” – entende –se que sejam aqueles activos que perdem valor “antes do final de sua vida económica), colocam esses países num grande dilema sobre os seus objectivos de crescimento e desenvolvimento económico e social (SDG 7), utilizando os recursos disponíveis, ou alterar a sua matriz de produção energética para cumprir os objectivos de menor emissão de carbono a nível mundial, tendo em conta ainda, que África tem a menor taxa de acesso de energia e consumo, e é responsável por menos de 5% de emissão de carbono a nível mundial.

Está claro que é urgente os países africanos prepararem-se em conformidade.

Nesta sessão vamos analisar os desafios e soluções que a transição energética coloca aos produtores e consumidores de petróleo no Mundo em especial aos países africanos cujas economias dependem deste comoditie.

PARTICIPANTS

LUIS MIRA AMARAL

LUIS MIRA AMARAL

Professor Catedrático Convidado

Instituto Superior Técnico de Lisboa

Frederico Martins Correia

Frederico Martins Correia

Partner

Deloitte Energy/Oil & gas
Luis Correia Neves

Luis Correia Neves

Senior oil Trader

MODERATOR

Fernanda Marques

Fernanda Marques

Ceo

CEO do ITREN
Instituto da Transição Energética
Joel Costa

Joel Costa

Jornalista

Jornalista no Jornal Semanário Angolano Expansão